quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

24 horas ativado

Já faz umas 24 horas que ativamos o Nucleus6.
Diferente? Bastante.

Parece que sons são iguais, tipo o aparelho auditivo. A diferença é que há um "eco" dentro da cabeça. O som penetra. Ainda não é possível diferenciar cada tipo de som, mas a leitura labial, a conversa em ambientes com mais pessoas já se tornou mais fácil!

Esse primeiros meses é um processo de mapeamento dos sons. Ativar cada sons diferentes para que não me assuste ou para que perca a vontade. Confesso que gostaria de tudo de uma vez, mas analisando percebo que isso vai fazer com que o implante vire um amplificador de sons.
Vou esperar a descoberta desses sons. Como uma criança que aponta o dedo e pronuncia : "óhh!", para que adultos também passe a perceber o sons e dizer seu significado, um pássaro, uma voz...

Ainda tem poucos sons, mas a fono disponibilizou quatro programas para selecionar. Agora que escrevo em um ambiente fechado e sozinho, coloquei piano Chopin só para sentir sons. Mas não durou muito, pois a programação inicial está para voz das pessoas. Assim coloquei Chico Buarque e... sim! É possível distinguir voz de instrumento, mas decifrar a voz será em uma outra oportunidade.

Vim aqui só para escrever esse relato, agora parto para um período de recesso... tenho que recarregar uma energia mental para "destravar" a tese. Ela está em um momento crucial em que necessito pensar o final de um capítulo para que possa finalizar esse trabalho.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Ativação e ansiedade

Ainda estou com o implante no ouvido.

A ativação foi marcada para dia 17/02/2016. Esses dois meses sem aparelho em um lado do ouvido me deixou bastante "fraco" em termos de comunicação.

Uma grande falta de barulho, mesmo que indecifrável, me deixou um pouco chateado. Hoje vejo a importância que o aparelho têm em meu dia-dia.

A ansiedade com a ativação estão grande. Não sei oquê esperar. Que vou sentir, quais sons, que sons são esses. Como tudo será processado e procedido nesses momentos. São dúvidas e questões que tornam cada dia um momento de auto-análise pessoal.

Isso pois, começo a notar algumas irritações minhas com questões e palavras. Irritações sobre argumentos e questionamentos. Revendo isso, percebo que ao argumentar, ou simplesmente proferir alguma frase, sinto que as "incompreensões" das pessoas não parte delas, mas de mim por achar que não houve uma compreensão mútua entre os sons. Será isso mesmo, ou é apenas a a minha própria ausência sonora que me torna, eu mesmo, um sentimento de incompreensão.

Ao ficar esses meses sem aparelhos percebo que é sentimento de não presença. Tal como a pesquisa que o prof. José Guilherme Cantor Magnani realizou com a comunidade surda, eles reforçam a necessidade de manter a linguagem de sinais em qualquer ambiente e na presença de qualquer pessoa ouvinte pois esse é o sentimento próprio ao pertencerem nesse mundo cada vez mais com sons e imagens sonoras.

Seguimos adiante, quarta-feira veremos qual será a exploração dos sons. Me preparando para que a ansiedade não se torne frustração. Com paciência e motivação conseguirei compreender esses sons, reais, produzidos, incompreendidos, movidos.

Abraços!